Impressões sobre o filme Adú
Gosto muito do cinema espanhol. Adú é uma obra espanhola dirigida por Salvador Calvo, que busca retratar a difícil saga de refugiados em busca de uma vida melhor. O início nos mostra policiais, um deles, Mateo, tentando impedir um grupo africano de atravessar a protegida fronteira entre Marrocos e Espanha. Neste conflito um imigrante é espancado por um dos policiais e acaba morrendo. Em uma aldeia já em Carmarões Adú e sua irmã, Alika (Zayiddiya Dissou), ao voltarem para casa, acabam presenciando um crime. Deixam para trás uma bicicleta que conduziam – e que é capaz de identificá-los. Os dois vão em busca do pai que está na Espanha. Tosar, um agente-florestal e ativista que luta pela causa da preservação dos elefantes, atua na aldeia onde vive Adú e sua irmã. Mas o ambientalista se vê incapaz de enfrentar caçadores de animais mais bem preparados do que ele, um triste paralelo que encontra também na falta de tato em lidar com a única filha.
A trama que envolve Mateo e os demais policiais, é muito rasa e pouco trabalhada. Esse embate, no entanto, se dá de modo mais particular, sem grandes repercussões. Não se sabe como aconteceram as investigações, dizem alguns críticos. Acredito que essa superficialidade foi proposital. Aliás quem investiga morte de um imigrante?
Adú sempre perde quem está ao seu lado, devido ao descaso, impunidade, abuso de autoridade, questões sociais. O último que adú perde é Massar. Que por sua vez traz uma vida de sofrimento não apenas pela fome, mas de abuso sexual em seu país e que continua a se submeter para sobreviver. Mesmo doente, provavelmente de AIDS tenta chegar à Espanha através do mar, aliás uma cena fenomenal. Neste momento Mateo tenta se redimir, mas a corrupção policial, separa os dois amigos. Deportando Massar sem o processo legal e levando Adú para um internato. Crianças na idade de Adú nesta idade, desacompanhada dos pais são bem vindas para o tráfico de órgãos.
Em relação ao agente florestal e sua filha Sandra (Anna Castillo),uma garota amargurada, com diversos problemas, inclusive com drogas. Culpa o pai por tê-la deixado sozinha com a mãe, quando criança, e não tem uma boa relação com ele. Castillo faz um bom trabalho e constrói uma personagem interessante. Pode parecer que esta parte da trama foi tratada descolada do restante. Mas observem a diferença entre o tratamento de uma branca que vai à África em busca do seu pai, para Adú que também está em busca do pai.
Muitos questionam o fato de não ser esclarecido os destinos dos meninos envolvidos. Bem vindo ao destino da imensa maioria dos Africanos.
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